14 de dezembro de 2015

Artur de Freitas Castro: "O Pé de Vento"

O Artur quando surgiu no cenário nacional ainda era um “garoto”, lembro-me de alguns comentários no meio esportivo de alguns técnicos e atletas dizendo que ele iria render muito ainda, pq seu corpo ainda estava em formação. Lembro daquele garoto começando crescer barbicha, corpo de aparência frágil ainda em desenvolvimento, aparência tímida mas quando estava correndo chegava sempre entre os primeiros. O nome dele era “Artur” mas os atletas gostavam de chama-lo de “O Pé de Vento” e não era pq ele corria e era patrocinado pela equipe Pé de Vento não...esse apelido ele recebeu da imprensa da época pq nos ano de 87 e 88 foi considerado o melhor atleta brasileiro e o chamava de Pé de Vento “sinônimo de vitória”. Foi praticamente o Artur quem projetou a equipe Pé de Vento no cenário nacional, depois dele vieram Ronaldo da Costa, Eder Moreno Fialho, Luiz Antônio dos Santos, Clair Wathier, Frank Caldeira e outros. Vejam alguns resultados dessa brilhante carreira durante os 13 anos em que esteve competindo no Brasil e no exterior nas postagens do site "Papaléguas Sports".


Começou a correr pela Pé de Vento em 1986 e, neste mesmo ano, bateu o recorde juvenil dos 10.000 metros e 5.000 metros em pista. No ano seguinte, ganhou a medalha de bronze no Troféu Brasil de Atletismo Adulto nos 10.000 metros

1987
Após 34 competições no sudeste e sul do Brasil, surgiu o primeiro patrocinador, CME Concórdia da cidade de Concórdia em Santa Catarina, onde competiu pela equipe por todo o ano:
Venceu 23 competições.
Venceu todas as provas no estado de Santa Catarina.
Medalha de bronze, estreando no Troféu Brasil de Atletismo, ao final do ano.
2º lugar na Meia Maratona da Independência, projetando-se para o sucesso maior no dia 31 de dezembro.
8º lugar na São Silvestre.


1989
47 competições no total, venceu 14, obtendo outros bons resultados em competições também de alto nível, no Brasil e no exterior, entre elas:
29º lugar na Classificatória para o Mundial de Cross Country na Noruega, melhor colocação até então de um brasileiro.
2º lugar na Scarpa D'Óro (Vigevano-Itália), a 7 segundos do queniano John Ngugi (Campeão Mundial de Cross Country)
3º lugar na18ª Stramilano (Milão-Itália), que proporcionou o convite do Sr. Gioggio Rondelli (conceituado treinador da Itália e do atletismo mundial).
Foi então que aceitando o convite se transferiu para Milão em maio onde superou em pista, os 3.000 m (7m59s80), 5.000 m (13m46s12d) e 10.000 m (29m00s10d). Não bastando venceu algumas provas de rua que fez por lá.
No Brasil:
Venceu o Troféu Brasil de Atletismo.
2º lugar no Campeonato Brasileiro de Rua, ao final do ano.


1991
45 competições, vencendo 11.
Classificou-se no Brasil para o Mundial de Cross Country, sendo campeão brasileiro e de novo o melhor brasileiro no mesmo.
Retornando a Itália competiu em várias provas obtendo bons resultados, como:
2º lugar na Maratonina Della Pasquesta.
3º lugar na 20ª Stramilano (Milão-Itália), com 1h01m27s, novo recorde brasileiro e sul-americano para distância de 21.097m.
28m50s21d no Meeting di Formia para 10.000 m em pista, superando-se ao baixar seu próprio tempo.


1993
31 competições durante todo o ano, vencendo 11 delas.
No início do ano foi "bicampeão brasileiro de Cross Country" em São Paulo.
Competindo na Itália, trocou de patrocinador, indo para Kway Athletic Team do Dr.Gabriele Rosa. A temporada (7 meses) realmente foi muito satisfatória, pois superou em pista os 5.000 m com 13m40s88 e 10.000 m com 28m43s18, onde teve ajuda dos companheiros Luca Barzagui e Danilo Guidide, este o fiel companheiro dos nossos treinos.
Também foi marcada pela vitória na famosa Franciacorta, corrida em 5 etapas, realizada no norte da Itália, chegando na frente de grandes atletas como: Andrew Massai (Quênia), Salvatore Bettiol (Itália), Luca Barzagui (Itália) e tantos outros, venceu outras duas provas importantes, primeiro a 8ª Maratonina Del Garda em Garnegnano com tempo de 1h02m32s (21.097m) e a segunda e mais importante maratona italiana, a Maratona de Veneza, onde não só venceu como também baixou o recorde da prova em 3m18s com o tempo de 2h10m06s, sendo no final do ano no ranking mundial 10º melhor tempo do mundo, fechando o ano com muita expectativa.

Com: Delmir Santos, Geraldo de Assis e Laurênio Alves Bezerra

1995
18 competições em todo o ano.
Apesar de alguns problemas, foi convocado para o Pan-americano, para correr a maratona.
No Brasil, obteve alguns bons resultados como: 3º lugar na Corrida Primavera-Verão (Petrópolis-Itaipava), classificou-se para o Ekiden em Chiba no Japão, prova por equipe. Em São Paulo foi 5º lugar na Meia Maratona da Independência, 2º lugar na Corrida Rústica de Aparecida em Aparecida e 4º lugar na famosa Gonzaguinha, correndo os 15 km em 44m42s, fechando o ano.

Com: Ronaldo da Costa, Delmir Alves dos Santos e Luiz Antônio dos Santos

1997
14 competições.
Também foi marcado por poucas provas e algumas cirurgias.
Destacou-se com o 2º lugar na Corrida Volta da Lagoa no Rio de Janeiro.
1998
Totalizando 370 competições realizadas ao longo de 12 anos de carreira com 115 vitórias e bons resultados, Artur finalizou sua carreira e se dedica atualmente na Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro como vice presidente.

As postagens completa podem ser acessada:"Papaleguas Sports"

11 de dezembro de 2015

Adauto Domingues

Eu sou meio suspeito pra falar do Adauto, uma vez que, fui treinado por ele durante os anos de 95, 96, 97 e posso afirmar com toda certeza, foi a época em que mais evoluí. No ano de 1995 eu já estava trabalhando nos Correios e a empresa criou um programa beneficiando os atletas que melhores se destacavam nas competições para representá-la em competições de nível nacional, cada estado tinha seus atletas integrantes da equipe. A equipe de São Paulo era composta por 5 integrantes e como treinador foi contratado o "Adauto Domingues", eu já o conhecia pq acompanhei por muito tempo seus resultados através da televisão, jornais, e revistas, mas nunca tive a oportunidade de conversar com ele pessoalmente. Lembro do dia em que ele foi nos apresentado como treinador lá nos Correios central da Vila Leopoldina, foi um dia muito especial pra mim, pois eu estava na frente de um grande atleta que eu admirava demais. Nessa época eu estava me recuperando de uma lesão que já durava 6 meses, expliquei a situação pro Adauto e com toda calma e segurança do mundo ele disse que eu poderia ficar sossegado que isso não seria problema, com isso ele já tinha ganhado um fã kkk.
A partir desse momento eu comecei me recuperar, fui encaixando os treinamentos e melhorando pouco a pouco. Eu nunca fui atleta de elite, mas durante o tempo em que treinei com o Adauto tive uma melhora significativa e tive a certeza da importância do "treinador" na vida do atleta. Tenho muito carinho pelo Adauto, pois além dele ser um ótimo treinador é também um grande ser humano.

Pra vocês conhecerem um pouco mais desse extraordinário atleta vou postar alguns trechos de uma entrevista que ele concedeu pra repórter e corredora Fernanda Paradizo em agosto de 2012.


Por Fernanda Paradizo
Muita gente o conhece hoje como o técnico do Marilson dos Santos, mas Adauto Domingues, de 51 anos, tem uma história diferenciada e escreveu seu nome no atletismo nas décadas de 80 e 90. Bicampeão pan-americano nos 3.000 m com obstáculos, ele representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, venceu sete vezes seguidas o Troféu Brasil de Atletismo e dominou por 10 anos as provas de pista por aqui, dos 1500 m aos 5000 m.

Você começou cedo na corrida de rua. Como foi esse ingresso? Eu tinha 9 anos. Existe uma entidade filantrópica em São Caetano do Sul chamada Patrulheiros Mirim (na época, Guarda Mirim). Eu passava muito tempo na rua jogando bola e minha mãe colocou meu irmão e eu nessa entidade. Havia duas coisas paralelas: as aulas de Educação Física e a banda (ou fanfarra). Ou você entrava para a banda ou ia para o esporte, ou para as duas coisas, como aconteceu comigo. Como não havia verba para esporte coletivo, como montar jogo de camisa e tudo mais, era mais fácil correr. Eu corria quase todas as provinhas. E todas as distâncias, até velocidade. No início, eram provas de garotada. Em paralelo a isso, eu levava a música. Toco sax ainda hoje devido a isso, e por partitura. Chegou um momento em que comecei a me destacar na corrida. Fazia alguns treinos onde joga hoje o São Caetano. Coincidentemente, o diretor do atletismo do Sesi de Santo André, Armando Corujeira, morava em frente ao estádio. Ele me viu treinando e me convidou para treinar com o professor Asdrúbal Baptista. Eu tinha 17 para 18 anos e uns 300 troféus em casa, mas quase não treinava. Só corria as provas. Quando ele me convidou, eu estava na época do Exército. "Se você for dispensado, você vem para o clube", ele disse. Meu pai tinha falecido em 1979 e minha mãe vivia só da aposentadoria e algumas coisas que fazia. Meu irmão também trabalhava. Eu tinha feito Senai e era metalúrgico. Não havia muito desemprego na época e minha mãe falou: "Pelo que você ganha agora, tenta um ou dois anos. Se der certo, você continua. Se não der, volta a trabalhar". Arrisquei. Acabei nem ficando no Sesi de início. Me colocaram no projeto "Adote um Atleta" e eu recebia um valor para isso. Passei a treinar no período da manhã no Centro Olímpico com o Carlão (Carlos Gomes Ventura). Entrei em abril ou março e já no final do ano tinha evoluído muito. No ano seguinte, havia terminado o 2º grau e fazia faculdade na parte da manhã. Tive que transferir o treino para tarde e passei a treinar com o professor De José (Francisco de José, o DJ). Fui melhorando ainda mais os resultados. Em 1982, já fui 2º nos 1500 m do Troféu Brasil.


Quando e como o 3.000 m com obstáculo entrou na sua vida? Foi por acaso. Em 1983, ano do Pan de Caracas, eu corria 1500, 5000 m e provas de rua, e houve um Campeonato Universitário no Ibirapuera. Eu ia correr os 800 m, às 11h; deu 12h30 e nada; estava tudo atrasado. Eu estava com fome e resolvi ver o que tinha de prova mais tarde para poder almoçar. Só tinha 3000 m com obstáculo. Pedi para me colocar nessa prova porque queria almoçar. Tinha 9:27 como melhor marca, o que era ruim, mas acabei vencendo em 8:59. Depois acabei entrando na prova no Troféu Brasil e ganhei com 8:45.03. Era índice para o Pan, mas já fora do prazo. Como prêmio de consolação, fui levado para correr o Ibero, em Barcelona, e fiz 8:40. Entrei meio sem querer e num espaço muito rápido melhorei muito minha marca.
A partir daí e especialmente em 1985 aconteceu muita coisa boa na sua carreira. Em 85 tive um salto de qualidade. Fui para o Campeonato Mundial Universitário e bati o recorde brasileiro, com 8:32, que durava 10 anos e era do José Romão. Fui 4º. Foi um baita resultado. Eu cheguei a ficar em 20º no mundo. Depois, em 1992, o Clodoaldo do Carmo bateu meu recorde, com 8:19. Ganhei sete vezes seguidas o Troféu Brasil, de 83 a 89. Foi um ano muito bom. Fui 3º na São Silvestre, no ano em que o José João ganhou e o Rolando Vera foi o 2º. Foi meu melhor resultado na São Silvestre; até então tinha um 8º lugar. Com 24 anos, comecei a me estabilizar como atleta.


No Pan de Indianápolis, você foi ouro nos 3000 m com obstáculo e prata nos 5000 m. Como foi sua trajetória até chegar aos Jogos Olímpicos de Seul e ao Pan de Havana? Em Indianápolis 87, ganhei do grande nome da época no obstáculo, que era o americano Henry Marsh. Era o 4º ou 5º do mundo e tinha 8:09. Fiz 8:23, bati o recorde pan-americano e novamente o brasileiro. Foi minha melhor marca pessoal. A prata nos 5000 m veio dois dias depois; perdi para o mexicano Arturo Barrios. Nesse mesmo ano fui 5º na São Silvestre. E veio 1988, ano olímpico. Nunca tinha tido lesão e nesse ano tive uma no joelho. Perdi muito treino. Não estava mal, mas não conseguia recuperar. Passei na preliminar e fiquei na semifinal. Já em 1991, no Pan de Havana, fui como favorito. O Clodoaldo (Lopes do Carmo) tentou fazer o índice na Europa e eu, que estava machucado, optei por fazer aqui. Só eu consegui. Uma coisa boa da época era que as provas não eram fracas aqui no Brasil. Nosso obstáculo tinha muita qualidade e isso ajudava a evoluir. Infelizmente, é algo que não aconteceu com o Marilson, que ficou sem ter adversário local que gerasse essa competitividade.


Você conseguiu grandes resultados na pista, mas antes disso chegou a correr muitas provas de rua.Eu tinha facilidade para correr na rua, porque eu vinha da rua. Eu entrava em quase todas e me dava bem, em parte porque a elite da época era um pouco mais velha que eu. No período em que tive a evolução das minhas marcas na pista, ganhei duas ou três Gonzaguinhas, subi quatro vezes ao pódio da São Silvestre e cheguei a correr uma meia em São Paulo em 1:02:50, o que para mim, que treinava para 1500 m e obstáculo, era muito bom.


Quando você parou de competir e virou treinador? O Asdrúbal faleceu em 1992. Fiquei 10 anos treinando com ele. Eu já era formado e mantinha o trabalho na Prefeitura. Como eu era o mais velho ali, fui chamado para ajudar com os meninos, entre eles o Clodoaldo (Gomes da Silva) e o Marilson (Gomes dos Santos), que era bem novinho, tinha 15 anos. Chegou de Brasília para treinar no Sesi com o Asdrúbal e ele faleceu. Daí convidaram o DJ para ser treinador. Eu era atleta ainda, estava com 31 anos e o DJ sugeriu que eu ficasse com o grupo de 800 m, 1.500 m e obstáculo e ele com o grupo maior, de fundo (5.000 m, 1000 m, meia-maratona e maratona). Quando o Hudson de Souza veio, ele caiu nesse grupo comigo. O Clodoaldo e o Marilson ficaram com o DJ. Eu treinava com o grupo de fundo e fazia as planilhas para o outro grupo, com a ajuda do DJ. Quando ele saiu, voltei a assumir o grupo todo, mesmo sendo atleta ainda. Até o dia em que tomei um "chapéu" do Marilson numa prova de 10000 m na pista. Aí resolvi parar. Foi em 1996. O Marilson tinha 19 anos, mas era um cara diferenciado desde cedo. Tanto ele quanto o Clodoaldo pegaram tudo o que você possa imaginar de Seleção. Levei esse grupo um tempo também como atleta, mas minhas lesões foram ficando mais próximas uma da outra. Não sei se eu gostava de competir. Gostava de ganhar. Comecei a perder e isso me incomodou um pouco, até porque fiquei 10 anos sem perder no Brasil, dos 1.500 m a 5.000 m.


Não temos nenhum representante nos Jogos de Londres dos 1500 m aos 10000 m. O que podemos esperar para 2016, aqui no Brasil? Temos um bom grupo surgindo e vamos ter vários, mas vai demorar um pouco mais. Alguns dos atletas hoje dos 800 m vão correr um bom 1500 m. Há dois meninos bons, os gêmeos Gilberto e Gilmar Lopes, que treinam com o Henrique Viana. O problema é que perdemos uma lacuna grande e temos que encurtar isso. Quando acontece isso, você perde gerações e tem que trabalhar para recuperar. O que não podemos deixar acontecer é perder a geração que está vindo.

A entrevista completa pode ser encontra na edição 277 – Revista Contra-Relógio - agosto – 2012 -FERNADA PARADIZO.
Abaixo alguns resultados internacionais de Adauto Domingues.
1983
Ibero-Americano – Barcelona - Espanha / 3000m com obstáculo – 3º col - 8:40’17”
Campeonato Sul-Americano – Santa Fé- Argentina / 3000m com obstáculo – 3º col – 8:50,8 
1985
Campeonato Sul Americano – Santiago – Chile / 3000m com obstáculo – 1º col – 8:44,38
1986
Ibero-Americana Campeonato –  Havana, Cuba / 5000m – 2º col – 13:50,36
                                                      /3000m com obstáculo – 1º col- 8:31,91
1987
Jogos Pan-Americanos – Indianápolis, Estados Unidos / 5000m – 2º col – 13:46,41
                                                               /3000m com obstáculos – 1º col – 8:23,26
1989
Campeonato Sul Americano – Medellin, Colômbia /3000m com obstáculo – 1º col – 8:49,2
1991
Jogos Pan-Americano – Havana, Cuba /3000m com obstáculo – 1º col – 8:36,01
Campeonato Sul-Americano – Manaus, Brasil / 3000m com obstáculo – 1º col – 8:36,21
1993
Campeonato Sul Americano – Lima, Peru /3000m com obstáculo – 1º col – 8:36,90 



7 de dezembro de 2015

Elói Schleder: Um atleta além do seu tempo!

Por: Vicent Sobrinho

No ano de 1985 eu era integrante da equipe de corredores (Mineração Lopes), na cidade de Mogi das Cruzes, a equipe levava esse nome em função do dono e patrocinador da equipe ser um antigo vereador da cidade, o "Sr Jacob Lopes". Em um domingo que não me lembro o mês kkk, fomos participar da então tradicional Corrida da Vila Leopoldina organizada pelo Sesi e com presença garantida de seus principais atletas. Pra mim tudo ainda era novidades, lembro na hora do aquecimento naquele trotezinho tradicional eu aquecendo ao lado de Edson Bergara, Adauto Domingues, João Alves de Souza (Passarinho), Klevansostenes Albuquerque, Advaldo Cardoso Neves, Hilton da Silva e muitas outras feras espalhadas, todas em condições de um grande resultado. Na hora da largada era aquela multidão espremida esperando pelo tiro de partida que não demorou muito, saí numa disparada doida e quanto mais eu corria mais pessoas passavam por mim, durante o percurso eu só pensava em duas coisas, em ganhar uma medalha e saber quem seria o vencedor. Quando eu cheguei e consegui me recuperar fui procurar nosso treinador que tinha assistido a chegada e perguntei pra ele quem tinha ganhado a corrida.
Ele disse:
_Quem ganhou foi o Elói Schleder...fácil!!!
Eu fiquei admirado e ao mesmo tempo curioso pois só tinha ouvido falar no nome dele uma vez ou outra, mas nunca o tinha visto. Na hora da premiação foi que pude ver e conhecer quem era "Elói Rodrigues Schleder", grande atleta, postura elegante, passadas largas, personalidade de respeito. O Elói continuou colecionado grandes resultados no Brasil e no exterior e quem pode contar melhor sobre esses resultado e essa brilhante trajetória é nosso amigo, corredor e jornalista Vicent Sobrinho. 


"Elói Rodrigues Schleder, filho de agricultores, nasceu em 26 de julho de 1951 em Passo Fundo/RS. A corrida apareceu em sua vida em 1969, quando ia completar 17 anos; segundo ele, foi quase que por obrigação do Colégio Marista em que estudava. "Havia olimpíada em âmbito regional entre as escolas Maristas e para que o nosso colégio saísse campeão teríamos que vencer a prova que finalizava todo o evento, uma corrida rústica de 5 km." Elói, como todos os garotos da época, gostava mesmo era de futebol, mas diante da imposição dos professores se alinhou juntamente com os colegas na largada: "Eu nada sabia de corrida e até aceitei a dica de chupar limão segundos antes da saída (diziam que ajudava...); dada a largada, resolvi seguir o melhor de minha escola, que foi o primeiro colocado e eu o vice. Assim, na minha primeira corrida já subi ao pódio."
 Edson Bergara (vermelho) disputando seletiva para jogos olímpicos de 1980
 junto com Elói e Ferreirinha. F oto Maria de Sousa Lima (Mariinha)

MUITAS SÃO SILVESTRES. Schleder veio de Passo Fundo para São Paulo em 1975, para sua primeira São Silvestre, numa época em que a soberania dos atletas estrangeiros era tanta que se contava 28 anos sem que um brasileiro vencesse a prova. E naquele ano havia até um favorito do país, o sargento José Romão Andrade Silva, que colecionava recordes quase todos feitos no exterior, experiência que lhe dava grande chance de vencer a São Silvestre.
Elói relembrou aquela noite: "Como era tradicional, a prova saía pouco antes da meia noite, para que chegássemos logo depois da virada; faltavam alguns minutos e eu estava me posicionando na linha para a largada, quando um rojão cruzou o céu e estourou fortemente; com o susto, os corredores dispararam. Romão tinha ficado numa área reservada e acabou sendo prejudicado, mas mesmo assim ele foi brilhante, ultrapassou muita gente e chegou na 11ª posição e eu na 14ª".
Esse resultado lhe rendeu um convite para integrar a equipe do Sesi de Santo André. "A oferta era irrecusável, já que me ofereceram moradia, restaurante, bolsa de estudo na faculdade, registro de professor estagiário em educação física; nem pensei duas vezes e por lá fiquei durante 23 anos, inicialmente como atleta e depois como funcionário."
Em 1976 se classificou como o 1º brasileiro, o que se repetiu em 77 e 78 - respectivamente 10º, 9º e 7º na colocação geral. Elói correu na São Silvestre de 1973 até 1987 e gosta de lembrar o 5º lugar geral de 1985. "Naquele ano subiram quatro brasileiros ao pódio, liderados pelo campeão José João da Silva, ou seja, Adauto Domingues, João Alves (Passarinho) e eu, o maior pódio brasileiro até hoje; em segundo ficou o equatoriano Rolando Vera, que venceria a SS nos 4 anos seguintes."

Detentor de recordes nacionais em 1981 e 1982, conseguiu em 8 de junho de 1986, em Sydney, Austrália, seu melhor tempo em maratona: 2:12:54. Foi a coroação de uma brilhante carreira de maratonista, mas que começou de forma bastante desastrada: simplesmente desclassificado!


As primeiras seletivas para maratonas olímpicas surgiram na década de 70, quando no Brasil era raro quem quisesse encarar os 42.195 m, com a justificativa de que o clima não ajudava, e por isso eram poucas as maratonas. Até que em 1976 a então CBD (Confederação Brasileira de Desportos) escalou Schleder para tentar o índice para os Jogos de Montreal.

LESÕES E LENDAS. Na fase de maratonista, Elói preparava sua própria planilha, que tinha como base treinar em dois períodos, pela manhã 10 km e à tarde mais 15 a 25 km. Em função das muitas participações em provas de rua, sofreu com lesões seqüenciais nos tendões. "Procurei vários médicos e um me disse que a causa poderia ser o sentido que eu corria na pista, durante meus treinos e sugeriu que eu sempre fizesse o aquecimento no sentido contrário. Em pouco tempo tinha muita gente me imitando, e o burburinho era: "O Elói sempre aquece no sentido contrário e deve ser por isso que é um bom corredor! Mal sabiam eles que era no que eu precisava acreditar para sentir menos dores. Na época virou até lenda!"
Em 1988, então com 37 anos, Elói tentou o índice para a Olimpíada de Seul, na a Maratona de Nevada, EUA. "Já larguei meio pesado e lembro que nos 21 km olhei no relógio e vi que não era mais possível, pois teria que fazer a segunda parte em pelo menos 4 minutos mais rápido e estava muito cansado. Então, pela primeira vez, desisti em uma corrida, e caminhei até o final, percebendo que era o fim de uma etapa de minha vida. Foi um desfecho natural e meu primeiro filho nasceria em poucos meses".
Próximo dos 60 anos, Elói continua sempre em atividade física, embora não tenha mais o vínculo com a corrida. Ao fim da entrevista, ele abraça o amigo Décio, que nunca parou e tem subido aos pódios nos últimos anos, e pergunta: Como estão as corridas agora? O veterano e muito premiado Décio responde: "Você precisa ver, melhoraram bastante as corridas no Brasil. Se você voltar ficará ainda melhor!" Quem sabe nas próximas corridas não nos encontraremos com esse ídolo?
Essa entrevista completa pote ser encontrada na Revista Contra-Relógio: Edição 209 - FEVEREIRO 2011 - VICENT SOBRINHO




  

5 de dezembro de 2015

Jorilda Sabino - A Cinderela Negra

No ano de 1983 quando eu estava iniciando nas corridas de rua conheci Jorilda Sabino, não tive o privilégio de conhece-la pessoalmente mas seu vice campeonato na corrida mais importante do Brasil tornou-a "conhecida mundialmente", e não só pelo resultado em si, mas pela maneira em que conseguiu. Quem poderia imaginar que uma garotinha ainda na adolescência com apenas 13 anos de idade e correndo descalça pudesse realizar tal façanha? E pra calar a boca daqueles ainda incrédulos com o resultado de 83 ela repete o feito no ano seguinte com a mesma garra, determinação e heroicamente, "descalça novamente", tirando qualquer sombra de dúvidas. Como já mencionei em postagens anteriores não tenho intenção de contar toda trajetória dos atletas aqui postados, apenas algumas informações e resultados conquistados enquanto estiveram competindo. Como já disse não tive o privilégio de conhecer pessoalmente a Jorilda e as informações que vou postar aqui são partes de uma maravilhosa entrevista conseguida pelo meu querido amigo Vicent Sobrinho que é jornalista e corredor.


A menina Jorilda foi considerada a mais importante corredora de 10k de rua  – era a 1ª  do Ranking em 1985, por duas vezes Jorilda Sabino foi a primeira brasileira e segunda colocada geral na São Silvestre, perdendo apenas para a  portuguesa, a genial olímpica – Rosa Mota – que entre inúmeros títulos obteve a medalha de bronze nas olimpíadas de Los Angeles e medalha de ouro nas olimpíadas de Seul 1988.  Rosa Mota além de ter vitórias em maratonas internacionais em todos continentes, foi também campeã mundial em Roma 1987 e somou três vitórias em Maratonas de Boston, 87,88 e 90. Foi só para essa Gigante que a então pequena Jorilda Sabino perdeu. É necessário observar que Rosa Mota, 12 anos mais velha e muito experiente, que há um detalhe importantíssimo…. Jorilda tinha apenas 13 anos de idade quando foi a primeira brasileira na São Silvestre em 1983. Naquele ano o campeão tinha sido o mineiro João da Mata, recordou a própria Jorilda durante a entrevista.A aniversariante de hoje – Jorilda Sabino é paranaense nascida em Umuarama, mas, com apenas um ano de idade partiu com sua família para Cuiabá/MT.  Sabino contou que no começo a corrida era a forma que tinha para ocupar suas tardes, e levava o atletismo apenas como brincadeira, como diversão.  Para Jorilda brincar na rua e jogar futebol eram suas brincadeiras de criança, comum nos bairros de Cuiabá, o que já não era tão comum para uma menina correr e jogar bola no eixo Rio-São Paulo.  Talvez por essa razão o aparecimento dessa menina foi um espanto para mídia que ao vê-la largar e correr na frente e às vezes ao lado das favoritas entre elas Rosa Mota. A leveza de Jorilda para a corrida era incrível, seu técnico em apenas seis meses de prática fez com que Jorilda já colecionasse inúmeras vitórias em competições locais.

 Em sua estreia na São Silvestre ao conquistar a colocação de 1ª brasileira logo foi apelidada de “A Cinderela Negra” pela semelhante história das duas princesas que tiveram algo em comum, estavam descalças no momento mais especial de suas vidas.   Muito distante da fábula, Jorilda Sabino corria na mais paulista das Avenidas no último dia de 1983, na noite de São Silvestre o palco que a então menina Jorilda – criança de apenas 13 anos não se impressionou nem com o tamanho da cidade, pois para ela tudo parecia uma brincadeira, e nem se assustava com todo aquele tumulto de pessoas. E como qualquer inscrito na maior prova do Brasil,  ao ouvir o tiro de largada partiu pequenina Jorilda que logo em suas primeiras passadas perdia-se no meio da multidão . . .

Desprezando o impossível… Descalça ela partiu . . .

Jorilda era uma garota miúda e de fragilidade maior ainda se fosse comparada com qualquer uma de suas rivais – E lá estava ela largando ao lado da então bi-campeã da São Silvestre.  A menina partiu com seus pés descalços ao lado da portuguesa que já era bi-campeã da São Silvestre. Por isso ela surpreendeu o Brasil superando todas brasileiras, pois, correu o tempo todo no grupo de elite até sagrar-se primeira brasileira e vice-campeã – um verdadeiro presente a todos naquele réveillon de 1983 e veio repetir a façanha novamente em 1984. Após essas conquistas e a bela estréia Jorilda por uma década fez carreira vitoriosa inclusive conhecendo países distantes como Coréia, Japão e África do Sul.

* Na São Silvestre a sua principal rival foi uma das maiores corredoras do século, a portuguesa Rosa Mota, essa portuguesa venceu por mais cinco vezes a São Silvestre, em 8 anos, Rosa só perdeu a edição de 87 e retornou em 88 para somar 7 vitórias.


Como está Jorilda hoje?
Atualmente no penúltimo ano da Faculdade de Educação física a noite, é casada e tem duas filhas, Elizabeth tem 21 anos e Samantha de 24 anos que também é casada e espera o primeiro filho para fevereiro de 2014.


E a São Silvestre. Você tem saudades? Gostaria de ser lembrada ou homenageada pela organização? “Tenho boas lembranças da São Silvestre e foi por causa dela que tive o reconhecimento do governo do Estado do Mato Grosso que me deu uma casa confortável para a minha família, pois, éramos muito pobres e morávamos em uma casa muito precária.  Os resultados que obtive na São Silvestre que possibilitaram a melhoria na vida da minha família. Seria uma honra ser homenageada pela organização da corrida”.
Por isso tudo… caro leitor. Deixe aqui os seus Parabéns a JORILDA.  Afinal ela merece!”
Postado em: HISTORIA DA CORRIDA DE RUA, PERFIL, PERSONAGENS por Vicent Sobrinho.
Como todos puderam ver são partes de uma belíssima entrevista, agradeço de coração ao meu amigo Vicent Sobrinho pelo brilhante trabalho, a entrevista completa pode ser encontrada na edição de nº 265 da revista Contra Relógio no mês de outubro do ano de 2013.  



4 de dezembro de 2015

José João da Silva


Hoje vamos  nos recordar desse grande ícone do atletismo brasileiro que praticamnete revolucionou as Corridas de Rua no Brasil.


Bicampeão da Corrida de São Silvestre, em 1980 quebrou um jejum de 34 anos sem vitórias de brasileiros na corrida. Naquele ano a corrida contava com 8,900 km e foi concluída com o tempo de 23min40s30.


Em 1985 venceu novamente a São Silvestre com o tempo de 36min48s96, deixando Rolando Vera (aquele que seria tetra-campeão da prova) em segundo. Neste ano a prova contava com 12,6 km.
Foi bicampeão da Meia-Maratona da Independência em 1980 e 1982. Foi detentor, durante 16 anos, dos recordes brasileiros dos cinco mil metros, com 13min37s04 e dos dez mil metros, com 28min08s59.


Principais conquistas

3 de dezembro de 2015


João da Mata de Ataíde (Diamantina8 de Fevereiro de 1954) é um ex-atleta de corridas brasileiras. Atuou em competições entre os anos de 1973 e 1997 Em 1995, com 42 anos, o mineiro venceu a Corrida Internacional de São Silvestre na categoria veteranos. Parou de competir em 1997Para iniciar esse Blog nada melhor recordar da 59ª Corrida Internacional de São Silvestre, por um motivo muito simples, foi nesse ano e nesse dia na cidade de Franco da Rocha SP que eu fiz minha primeira participação em corridas de rua.
Foi na Corrida de São Silvestre de Franco da Rocha do SC Corinthians no dia 31 de dezembro de 1983 que pra mim tudo teve início nas corridas de rua.



Grandes atletas do passado


Este Blog tem como finalidade recordar e mostrar alguns ATLETAS DO PASSADO que atuaram e se destacaram nas principais competições do cenário nacional e internacional. As décadas de 80 e 90 houve uma verdadeira invasão de grandes corredores conquistando grandes resultados nas mais diversas regiões do país. Muitos atletas da atualidade que não estiveram nessa época não tiveram oportunidade de conhecer a maioria desses atletas pois a mídia e os meios de comunicação não eram tão evoluídos como atualmente. Pra vc que já os conhecem e que sabe de algumas informações importante, nos ajude para melhor informar os leitores sobre os atletas mencionados.
Fiquem à vontade para comentar no Blog RECORDAR E CORRER e vamos juntos matar a saudade dessas feras que fizeram histórias no passado.