25 de março de 2016

Luís Carlos da Silva o "ATALAIA"

Fonte principal: Jornal Noroeste
O atleta Luis Carlos da Silva começou aparecer no cenário esportivo brasileiro no início da década de 90, todos que o conheciam costumavam chama-lo de “Atalaia” em referência a essa bela cidade no estado do Paraná onde ele morava, mas diferente do que muitos pensavam ele não nasceu em Atalaia e sim em Floraí também cidade do Paraná. Pra muitos entendidos do assunto o que faz um atleta ser um grande corredor é o fato dele ter uma boa postura, boa coordenação e movimentos coerentes desenvolvidos com muitos exercícios educativos e coordenados, o Atalaia fugia totalmente desse conceito, quando corria seus movimentos pareciam os de um corredor travado, suas passadas eram curtas, levantava pouco os joelhos e os calcanhares e nos movimentos dos braços eram mais balançando o corpo que os braços. Todas essas características não o impediram que ser um grande campeão no Brasil e no exterior e um dos atletas mais querido, respeitado e admirado no meio esportivo brasileiro. O Atalaia era um atleta que se adaptava em qualquer distância, desde os 5km, 10km, maratona e até Ultramaratonas. Esse era um atleta que eu tinha grande admiração, participei de algumas corridas com ele, sempre que o encontrava apenas o cumprimentava mas nunca tive oportunidade de ser seu amigo, portanto essas informações que colocarei abaixo são apenas informações encontrada no Jornal Noroeste da cidade de Nova Esperança/PR.

Luís Carlos dos Santos nasceu no dia 23 de janeiro de 1969 na cidade de Floraí onde morou até os 5 anos de idade e depois se mudou para cidade de Atalaia onde reside até os dias de hoje. Começou a trabalhar na roça com seus pais ainda criança. Em agosto de 1989, com 20 anos de idade foi convidado para participar de uma corrida em Atalaia, com 150 participantes, e obteve a 10° colocação. Esse foi seu primeiro passo nas corridas, daí em diante pegou gosto pelo atletismo.
Começou a treinar sozinho nas estradas rurais, nos arredores da roça onde trabalhava depois da jornada de trabalho. Participou de diversas corridas no Paraná, vencendo a maioria delas. Em 1992, foi correr em Brasília/DF, na meia maratona e ficou em 3° lugar geral. Daí em diante sua vida mudou.

Seus amigos, reconhecendo a humildade deste grande atleta que representou não só a cidade de Atalaia, mas o Brasil, em 18 países, não aceitaram que este ícone do atletismo ficasse no anonimato, pois é mundialmente conhecido. Após 6 anos sem competir, seus parceiros de corrida de mais de 20 anos resolveram resgatar essa grande personalidade, um verdadeiro gigante adormecido. São mais de 60 atletas representados pelas cidades de Nova esperança, Castelo Branco, Alto Paraná, Nova Londrina, Paranavaí e Uniflor, que por unanimidade pediram e apoiaram-no a voltar a competir. E ele se sente muito feliz pela recepção que teve desses atletas, já voltou a correr, participou da Meia Maratona de Foz do Iguaçu, 14 de setembro de 2014, e Toledo, 12 de outubro de 2014, e está se preparando para correr 89Km na África do Sul, em 2015, representando a cidade Nova Esperança. 

Na foto acima liderando as 10 Milhas Garoto em Vitória/ES ao lado de Daniel Lopes Ferreira, Ronaldo da Costa, 
Elenilson da Silva, um pouco atrás Delmir dos Santos e um pouco mais atrás Eduardo Nascimento

Veja alguns resultados conquistados pelo Atalaia.
• Bi-campeão – MARATONA DE PORTO ALEGRE – 1993/1994 
• Bi-campeão – MARATONA DE BRASILIA – 1994/1995 
• Campeão – MARATONA DE MATO GROSSO (SUL-AMERICANO) – 1994 
• Vice-campeão – MARATONA DE SÃO PAULO – 1995 
• 16° lugar – MARATONA DE NEW YORK – 1995 
• 3° lugar – MARATONA DE BLUMENAU – 1995 
• 10° lugar – CORRIDA INTERNACIONAL DE SÃO SILVESTRE – 1995 
• 3° lugar – JOGOS PAN. DA ARGENTINA – MAR DEL PLATA – 1995 
• 4° lugar – MARATONA DE LOS ANGELES U.S.A – 1996 

• Campeão BRASILEIRO – CORRIDA DE RUA – RJ - 1997 
• 3° lugar – MARATONA DE HOUSTON U.S.A – 1997 
• 6°lugar – MARATONA DE SIDNEY – AUSTRÁLIA – 1997 
• 1°lugar – MARATONA DA ARGENTINA – BUENOS AIRES - 1997 
• 2°lugar – MEIA MARATONA DO RIO DE JANEIRO – 1997 
• 6°lugar – MARATONA DE LONDRES - 1998 
• 5°lugar – MARATONA DE BERLIM – ALEMANHA (2h11’01”) – 1998 
• 3°lucar – MARATONA DUBLIN – IRLANDA - 1998 
• 5°lugar – CAMP. MUNDIAL DE MARATONA – ISLOVAQUIA – 1998 
• 5°lugar – MARATONA DE TURIN – ITÁLIA – 1998 
• 4°lugar – MARATONA DE PEQUIM – CHINA – 1998 
• 3°lugar – EKIDEN – TÓQUIO – JAPÃO – 1998 
• 2°lugar – MEIA MARATONA DE CANCUN – MÉXICO - 1999 
• 10° lugar – MARATONA DE NEW YORK – 1999 
• 4°lugar – MARATONA DE ROMA - 2001 
• 3°lugar – ULTRAMARATONA INTERNACIONAL 100 Km – CUBATÃO – BRASIL – 2008
• 2°lugar – ULTRAMARATONA – ESPANHA 100Km – 2008 

Esses são apenas parte de suas conquistas enquanto esteve competindo, mas com certeza seus feitos foram bem mais extensos, com grandes vitórias em provas de menores expressões.

 Atualmente não tenho nenhuma notícia se o Atalaia deu continuidade ao seu retorno as competições e se alguém tiver e puder nos informar ficaremos muito agradecido pois um atleta com um currículum tão vitorioso não deve jamais ser esquecido. 




21 de fevereiro de 2016

ELEONORA MENDONÇA: Uma Pioneira Incansável

Fontes: "Jornal O Globo, Eu Atleta e revista Contra Relógio" 
Hoje iremos recordar uma atleta que na minha humilde opinião é a rainha de todas as corredoras brasileiras. Se hoje temos corridas praticamente todos os finais de semana de norte a sul deste país tudo isso teve início graças a muita luta e empenho desta extraordinária guerreira. Morando no EUA por mais de 25 anos ela é uma ilustre desconhecida pra maioria dos corredores brasileiros, estamos falando de “Eleonora Mendonça”, essa simpática carioca de Copacabana primeira brasileira a correr uma maratona olímpica, organizadora do primeiro circuito de corridas de rua no Brasil e da primeira maratona do país. Ela também deteve o recorde brasileiro da maratona por oito anos, batendo por quatro vezes seu próprio recorde, se hoje temos opções de provas praticamente todo final de semana temos que agradecer a madrinha delas. Nos anos de 1984 e 1985 eu estava começando nas corridas de rua e todas as vezes que eu ouvia entre os amigos o nome “Eleonora Mendonça” era com sentimentos de admiração, respeito e até uma certa adoração, ela havia alcançado o status de um “ídolo” entre os corredores, ainda mais depois de participar de uma olimpíada, era sonho e desejo de toda mulher que vivia no mundo das corridas de rua. Gostaria de deixar claro que nunca tive o prazer de conhece-la pessoalmente a Eleonora, acredito que nunca corri nenhuma maratona que ela tenha participado e também não tive o privilégio de ser seu amigo, portanto todas as informações escritas aqui são partes de entrevistas e depoimentos cedidos pela própria atleta ao “jornal O Globo, Eu Atleta e revista Contra Relógio”.


O ano era 1972. Eleonora, praticante de esportes desde a infância, estava fazendo mestrado em Educação Física nos Estados Unidos quando o maratonista Frank Shorter venceu a maratona olímpica em Munique, na Alemanha, causando uma comoção positiva entre os americanos. Empolgada com a energia, a carioca começou a correr. De volta ao Brasil no mesmo ano, Eleonora virou sócia do Fluminense e corria sempre em volta do campo, quando recebeu o convite de um técnico para participar de provas de atletismo. Começou então pelas competições de pista, de 800m, 1.500m e 3.000m

Foto: Arquivo Pessoal
Em 1974, Eleonora voltou aos Estados Unidos para trabalhar como advogada, em Boston, onde o movimento de corrida estava muito forte. Em 1976, a atleta realizou o sonho de muitos e participou da Maratona de Boston, após conseguir índice debaixo de muita neve na Silver Lake Marathon, primeira maratona de sua vida.
 _"Naquele tempo corríamos uma maratona a cada dois meses ou pouco mais, era back to back, como dizem os americanos. Não havia muitas maratonas, então viajávamos muito; foi um período muito interessante. Nos primeiros cinco, seis anos, eu fazia de três a quatro maratonas por ano. Devo ter feito umas 50 entre 1976 e 1988, quando corri a minha última. Não foi atoa que fiz artroscopia no joelho, por isso não recomendo correr tantas maratonas em tão pouco tempo, mas também não me arrependo. Acho que a turma toda que viveu aquela época tem ótimas recordações, foi muito gratificante; corríamos por amor ao esporte".

Chegando na maratona do Rio 1983
NEW BALANCE. Além de atleta, cartola, editora de revista e organizadora de provas, Eleonora ainda teve uma passagem como designer de tênis de corrida, ao conhecer o novo dono da New Balance, Jim Davis, que havia comprado a empresa - originalmente criada em 1906 - no dia da Maratona de Boston de 1972, então com apenas seis funcionários. "Naquela época também não havia sapatos próprios para corrida. Lembro que depois de dois ou três anos que eu já estava competindo comprei meu primeiro sapato de corrida, de uma fábrica ali mesmo em Boston, de um amigo de um conhecido meu, que estava começando a fazer sapatos de corrida. O nome dele era Jim Davis, me levaram lá e me apresentaram a ele. Experimentei e alguns anos depois acabei vindo a trabalhar para eles como consultora, desenhando sapatos de competição, o que foi muito interessante".


Pioneirismo na organização de provas: De olho na São Silvestre, que tinha liberado a participação feminina em 1975, em homenagem ao Ano Internacional da Mulher, Eleonora estava de volta em 1977, já com a intenção de começar a organizar provas por aqui. Foi quando soube que o jornalista americano Yllen Kerr (autor do livro “Corra para Viver”, de 1979) estava promovendo uma corrida de veteranos no Rio, no dia 31 de dezembro. Conversaram e tiveram a ideia de montar uma prova aberta, não só para veteranos, a Corrida de Copacabana, com percurso de 8 km, no início de 1978. Daí surgiu a Printer, firma especializada em eventos de corrida de rua. Com as ideias em pleno transbordamento criativo, Eleonora resolveu chamar os principais atletas estrangeiros que participavam da São Silvestre para, no domingo seguinte, disputar uma prova de 8 km pela orla da Zona Sul do Rio. Em janeiro de 1979, nascia a Corrida Internacional Leblon-Leme, realizada sem interrupções por 15 anos, até 1994.Neste mesmo histórico ano de 79, a Printer realizou a primeira maratona do Brasil, nomeada de Maratona Internacional do Rio de Janeiro, e a primeira corrida feita exclusivamente para mulheres, parte do circuito internacional da Avon, que tinha Kathrine Switzer à frente do departamento esportivo. Além das provas, Eleonora e Yllen editaram a primeira revista especializada em corrida do país, “A Corrida”, coroando o pioneirismo da carioca multifacetada. Em 1980, a prova feminina, realizada em São Paulo, bateu recorde mundial, com cinco mil participantes.

Olimpíadas de Los Angeles 84
OLIMPÍADAS, O ÁPICE. Em 1984, venceu a Maratona Bradesco e viveu uma grande batalha com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), para ir a Los Angeles. Dona da melhor marca feminina brasileira (2h48m45), Eleonora conseguiu ser a pioneira do país na maratona olímpica no dia 5 de agosto de 1984, há exatos 31 anos. Completou a prova em 2h52m19, na 44ª colocação, além de correr a prova Eleonora teve atuação fundamental para a própria realização da prova, como presidente do International Runners Committee (IRC), entidade criada em 1978 e que pressionou o Comitê Olímpico Internacional (COI) para que a realizasse. "As Olimpíadas foram o momento culminante da minha carreira atlética, não só pela parte esportiva, mas também pela parte política. Como o desenvolvimento das corridas de rua entre as mulheres, começou a haver uma pressão mundial muito forte para que o COI realizasse a maratona feminina nos Jogos, além das provas de 5.000 m e 10.000 m", recorda.

Foto: Arquivo Passoal

O projeto de Eleonora é montar um acervo fotográfico dos eventos organizados por sua empresa e criar um site para contar a história das corridas de rua. Por enquanto, ela mantém uma página no Facebook, que atualiza periodicamente. Como boa maratonista, sabe que a pressa não é exatamente a melhor amiga da perfeição.

Foto:Jornal O Globo

Ela continua dividindo seu tempo entre o Rio de Janeiro e Estados Unidos, continua fazendo alguns treinos mas apenas como qualidade de vida, sem intenção de voltar as competições e mesmo quando está no Rio e resolve de última hora participar de alguma competição é apenas por lazer e descontração, sem marcação de tempo nem preocupação com colocações.


 Esse vídeo abaixo mostra um pouquinho do carisma e simplicidade dessa extraordinária mulher e atleta que tanto lutou e contribuiu para o esporte brasileiro e mundial.



8 de fevereiro de 2016

Sônia Maria de Oliveira Marques

Fonte principal: Revista Superação

Sempre que falamos sobre uma geração de ouro de grandes atletas brasileiros que deixaram saudades logo lembramos das décadas de 80 e 90 e alguns nomes são automaticamente lembrados, José João da Silva, João da Matta, Luiz Antônio dos Santos, Edson Bergara, Benedito Porto, João Alves de Souza (passarinho) e muito mais, isso na parte masculina. Na parte feminina a situação não era diferente não, também tínhamos ótimas atletas que faziam grandes resultados independentes das distâncias e dos locais que iam competir. Para citar alguns nomes, eram comuns vermos os nomes de Angélica de Almeida, Silvana Pereira, Eliana Reinert, Dalvirene Paiva, Arlete Adão, Solange Cordeiro, Carmem de Oliveira, Marcia Narlock e muitas outras atletas fazendo grandes resultados e provando que a evolução do atletismo brasileiro não era um privilégio apenas dos atletas masculinos não, elas também evoluíram apesar de muitas dificuldades.


Hoje vamos relembrar uma atleta que muitas vezes só era notada quando cruzava a linha de chegada em primeiro lugar, pq ela nunca foi de muita badalação, magrinha com seu jeito de menina tímida, chegava em silêncio, mas se transformava quando dava o tiro de largada, seu nome é "Sônia Maria de Oliveira Marques" mais conhecida como (Soninha). A Soninha começou a participar de corridas no início dos anos 80 e apesar da pouca estatura ela já sonhava grande e logo de cara ela correu a "Minimaratona da Gazeta Esportiva" na qual mesmo sem um treinamento adequado ela completou com o tempo próximo de duas horas. Ela continuou treinando e competindo na região de Guarulhos quando conheceu um atleta da equipe da Portuguesa de Desportos (o Guarani) que a convidou para fazer parte da equipe e treinar com um dos melhores atleta brasileiro da história o grande 'Edson Bergara', mas infelizmente durou pouco pq o departamento de atletismo foi desativado, em 81 ela foi trabalhar no Expresso Rio Grande São Paulo e era liberada alguns horários para treinar, depois de algum tempo ela foi convidada pelo Sr Nicásio para treinar e competir pela equipe de atletismo do SC Corinthians Paulista.

Ela treinou e competiu pelo Corinthians vencendo algumas provas importante na capital paulista e com esse bom desempenho foi convidada para treinar com o Sr Elito onde ela foi campeã estadual dos 3.000 metros, segunda nos 5.000metros e 1.500metros conseguiu chegar entre as 5 primeiras na Minimaratona da Gazeta e nas maratonas do Rio e de Santos, foi campeã da Corrida de Reis de São Caetano do Sul.


Após a desativação do departamento de atletismo do SC Corinthians ela foi procurar um dos melhores técnico de atletismo da época, o "Carlos Gomes Ventura" (o Carlão) e passou integrar a equipe do SPFC, na primeira participação ela venceu a tradicional "Corrida de Aleluia em São Roque", depois venceu as 10 milhas de Arujá, a Maratona de São Paulo, Volta da Penha e as 10 milhas de Interlagos, nesse mesmo ano 87 ela fechou em 15ª na Corrida de São Silvestre.

No ano seguinte ela foi vice campeã na Maratona do Rio com o tempo de 2h44’18” estabelecendo índice B para os Jogos Olímpico de Seul 88 mas que não foi suficiente para ir à Olimpíada, causando grande tristeza e que só foi aliviada pq ela realizou um antigo sonho de início de carreira que foi vencer a Minimaratona da Gazeta Esportiva. Em 89 ela participou do mundial de maratonas em Milão (Itália) não conseguindo o resultado que esperava, em seguida na volta ao Brasil venceu novamente a Maratona de São Paulo.Em 1990 ela junto com o Carlão deixaram o SPFC e foram pra equipe do SESI de Santo André e no SESI ela venceu a Maratona do Rio e a Minimaratona da Gazeta Esportiva pela 2ª vez.

Depois de 10 anos ela deixou a empresa que trabalhava e foi treinar com seu marido o prof. José Luís Marques do SPFC onde venceu algumas provas importante como a Minimaratona da Gazeta Esportiva pela 3ª vez, Volta da USP de São Carlos, Volta da USP São Paulo, Tribuna de Santos e a Corrida Integração de Campinas.


Apartir de 92 a Soninha diminuiu os treinamentos e se retirou das competições pois a algum tempo ela alimentava um grande sonho em sua vida, que era o sonho de “ser mãe” foi então que pra alegria do casal nasceu a princesinha "Ana Luiza”.


Atualmente a Soninha continua trabalhando no atletismo, ela passa planilhas de treinamentos online e dá treinos na União dos Atletas de Taboão da Serra em parceria com a campeã e recordista brasileira da ultramaratona Maria Auxiliadora Venâncio, mesmo sem pista de atletismo para treinamento não a fez desanimar, ela procura onde tiver um local adequado onde se possa treinar, na rua, parques, campo do Lacuna, ou em locais verdes que favoreça com pisos macios junto a natureza são os locais de treinamentos. Foram vários títulos que ela acumulou nesses vários anos em que competiu e as melhores lembranças são as amizades que ela cultivou com pessoas maravilhosas como, Sr Sérgio Nogueira, a saudosa Ana Jun, Sr Armando Corujeira, prof. Asdrúbal, Carlão, Mauro, Cristiano e vários atletas: Xexeu (Laércio de Moraes), Primo, Rafael, Didi, Sr Décio, saudoso Edson Bergara, Heroi Fung e tantos outros.


Veja alguns resultados importantes dessa pequena e extraordinária grande atleta brasileira.


ANO         COLOCAÇÃO                    PROVA                                  DISTÃNCIA  
1986                    1ª                    Campeonato Estadual/SP                       3.000m   
1986                    2ª                    Campeonato Estadual/SP                       5.000m
1986                    2ª                    Campeonato Estadual/SP                       1.500m
1987                    1ª                    Sargento Gonzaguinha/SP                      10 km
1987                    1ª                    Maratona de São Paulo/SP                     42 km
1988                    1ª                    Minimaratona da Gazeta/SP                   21 km
1988                    2ª                    Maratona do Rio/RJ                                42 km
1989                    1ª                    Maratona de São Paulo/SP                     42 km
1990                    1ª                    Rio Maratona/RJ                                     42 km
1990                    1ª                    Minimaratona da Gazeta/SP                   21 km
1990                    2ª                    Minimaratona Cajamar/SP                     21km
1990                    2ª                    Corrida Integração Campinas/SP           10 km 
1991                                        Minimaratona da Gazeta/SP                  21 km               

26 de janeiro de 2016

Luís Antônio dos Santos

Luís Antônio dos Santos é muito conhecido no atletismo brasileiro e principalmente entre os corredores de rua. Muitos o conhece como técnico e agente de atletas africanos na cidade de Taubaté. O que poucos conhecem é que Luís Antônio foi um dos melhores maratonistas no início da década de 90, inclusive batendo o "recorde brasileiro" da maratona no ano de 1995 na cidade de Fukuoka no Japão.


 Eu particularmente o conhecia “de vista” desde o final da década de 80, vencendo e chegando sempre entre os primeiros nas mais disputadas provas brasileiras. Com o passar dos anos ele foi ficando cada vez mais conhecido e respeitado entre os atletas brasileiros, sempre que o via e passava por ele o cumprimentava, mas nunca tinha tido oportunidade de conversar com ele, e foi no ano de 2008 que essa oportunidade aconteceu.


 Eu fui com minha esposa Eliana, junto com uns amigos na cidade de Guaratinguetá participar da tradicional “Corrida 9 de Julho” e nessa corrida o Luís Antônio levou sua equipe de africanos para participar da corrida, o Luís era muito amigo de uns amigos meu que estavam comigo e nos convidou para um almoço com churrasco na chácara na cidade de Taubaté onde ele hospeda e treina os etíopes, tanzanianos, marroquinos, brasileiros e principalmente quenianos. Confesso que foi um dia inesquecível, já o admirava por tudo aquilo que representou no atletismo brasileiro, da forma profissional e responsável que sempre conduziu sua carreira. Com muito carinho e humildade o Luís nos apresentou sua família, falou sobre suas conquistas durante os anos em que competiu e nos mostrou de forma realista e honesta seu trabalho com esses atletas.



Até aquele momento sempre tive um pé atrás em relação a vinda de atletas africanos competir e treinar no Brasil, mas nesse dia pude conhecer a importância desse trabalho não só para esses atletas como também para seus familiares que ficaram em seus países de origem e acredito que o problema foi que o nível dos atletas brasileiros que caíram e não conseguem fazer frente aos atletas africanos que estão no Brasil.


 O Luís Antônio estará sempre entre os melhores atletas de uma geração e terá sempre minha admiração e respeito como profissional, amigo, pai de família e principalmente como atleta de alto nível. Durante os anos em que competiu venceu várias corridas nas mais diversas distâncias e em todas as partes do Brasil, mas foi nas maratonas que se tornou um atleta conhecido mundialmente.


Abaixo veremos apenas alguns dos grandes resultados conquistados por esse extraordinário atleta.

_ JUL de 1993-----------Blumenau/SC ------------1º Colocado-------------2h12:15 
_OUT de 1993----------Chicago/EUA -------------1º Colocado-------------2h13:14      
_ABR de 1994-----------Boston/EUA--------------13ºColocado------------2h10:39
_OUT de 1994----------Chicago/EUA--------------1ºColocado-------------2h11:16
_ABR de 1995-----------Boston/EUA---------------3ºColocado-------------2h11:02
_AGO de 1995---------Gotemburgo/EUA---------3ºColocado--------------2h12:49
_OUT de 1995----------São Paulo/BRA---------------1ºColocado-----------2h17:11
_DEZ de 1995--Fukuoka/Japan----1ºColocado------2h09:30 (Recorde Brasileiro)
_AGO de 1996------Olimpic Games/Atlanta EUA-----10ºColocado-------2h15:53
(Fonte: Jornal Marathonios)

5 de janeiro de 2016

João Batista Pacau

                           
A primeira vez que eu ouvi o nome desse atleta foi numa Minimaratona da Independência, não me lembro bem o ano e o ganhador não tenho certeza se foi o Moacir Marconi (Coquinho) ou o Ailton Sena. Eu morava em Brás Cubas e fui no centro de São Paulo na Av Paulista pra assistir essa Minimaratona que na época era disputada pelos melhores corredores do Brasil e essa era uma grande oportunidade para ver de perto esses grandes atletas. Eu estava a uns 200 metros da chegada com muita gente nos dois lados da avenida e quando os atletas começaram a chegar lembro que na colocação de 7º ou 8º vinha vindo um atleta e muita gente que estava assistindo começou a gritar “vai Pacau...vai Pacau...parabéns Pacau...vai Pacau” e essas palavras e esse nome ficaram na minha cabeça. Com o passar dos anos o Pacau foi se destacando e ganhando muitas provas que participava, principalmente no início dos anos 90, inclusive minha primeira maratona no Rio de Janeiro em 91 foi vencida pelo Pacau de ponta a ponta.


Nas maratonas que ele participava não queria nem saber quem estava, saía no ritmo dele com aquelas passadas longas e muito rápidas e quem quisesse que viesse atrás, ele ganhou várias maratonas assim, mas quebrou em outras também.



Lembro de um episódio que aconteceu comigo na 3ª Maratona Internacional de SP em 97, na época eu era treinado pelo grande Adauto Domingues, estava muito bem preparado e o percurso dessa maratona ainda tinha aquela grande subida da USP com mais de 2 km, o clima estava frio e com uma garoa bem leve, eu tinha feito uma ótima maratona pra alguém que era amador e quando eu estava dentro do túnel Ayrton Senna já dando aquela forçada pro final eis que bem na minha frente quando eu ví estava ultrapassando o grande “João Batista Pacau” eu passei por ele e disse assim “vamos Pacau que tá chegando” aquilo pra mim me deixou muito emocionado e com mais força pra completar, fiz 2h31´01, não que eu tenha torcido pelo fracasso dele mas pq ele estava no auge e eu só o via na largada e nos podiuns, jamais pensava em chegar na frente dele mesmo quebrando.

(grande disputa com Luiz Amarília Ibarra) 

Faz muitos anos que não tenho notícias do Pacau pelo que soube ele está morando em Patos de Minas MG e corre algumas provas na região, acredito que ele esteja na minha faixa etária e se estiver é bom ele ficar por lá mesmo, pq se vir correr pra cá ele vai meter a borracha em mim novamente kkkk.

Esses são alguns dos principais resultados desse grande atleta:
Tri-campeão da Rio Maratona: 1991, 1992, 1993
Bi-campeão da Maratona Sul América do Rio de Janeiro 1991, 1992
Campeão da Maratona de Belo Horizonte 1992
Campeão da Maratona de Cubatão 1992
Campeão da Maratona de Blumenau 1992
Vice-campeão da Maratona de Blumenau 1993
23º colocado na Maratona de Nova York 1991
Vice-campeão nas maratonas da China, Grécia e Lisboa
(Fonte: Youtube)

Esse é o vídeo da Rio Maratona 91 e também foi minha estreia nas maratonas.

 


14 de dezembro de 2015

Artur de Freitas Castro: "O Pé de Vento"

O Artur quando surgiu no cenário nacional ainda era um “garoto”, lembro-me de alguns comentários no meio esportivo de alguns técnicos e atletas dizendo que ele iria render muito ainda, pq seu corpo ainda estava em formação. Lembro daquele garoto começando crescer barbicha, corpo de aparência frágil ainda em desenvolvimento, aparência tímida mas quando estava correndo chegava sempre entre os primeiros. O nome dele era “Artur” mas os atletas gostavam de chama-lo de “O Pé de Vento” e não era pq ele corria e era patrocinado pela equipe Pé de Vento não...esse apelido ele recebeu da imprensa da época pq nos ano de 87 e 88 foi considerado o melhor atleta brasileiro e o chamava de Pé de Vento “sinônimo de vitória”. Foi praticamente o Artur quem projetou a equipe Pé de Vento no cenário nacional, depois dele vieram Ronaldo da Costa, Eder Moreno Fialho, Luiz Antônio dos Santos, Clair Wathier, Frank Caldeira e outros. Vejam alguns resultados dessa brilhante carreira durante os 13 anos em que esteve competindo no Brasil e no exterior nas postagens do site "Papaléguas Sports".


Começou a correr pela Pé de Vento em 1986 e, neste mesmo ano, bateu o recorde juvenil dos 10.000 metros e 5.000 metros em pista. No ano seguinte, ganhou a medalha de bronze no Troféu Brasil de Atletismo Adulto nos 10.000 metros

1987
Após 34 competições no sudeste e sul do Brasil, surgiu o primeiro patrocinador, CME Concórdia da cidade de Concórdia em Santa Catarina, onde competiu pela equipe por todo o ano:
Venceu 23 competições.
Venceu todas as provas no estado de Santa Catarina.
Medalha de bronze, estreando no Troféu Brasil de Atletismo, ao final do ano.
2º lugar na Meia Maratona da Independência, projetando-se para o sucesso maior no dia 31 de dezembro.
8º lugar na São Silvestre.


1989
47 competições no total, venceu 14, obtendo outros bons resultados em competições também de alto nível, no Brasil e no exterior, entre elas:
29º lugar na Classificatória para o Mundial de Cross Country na Noruega, melhor colocação até então de um brasileiro.
2º lugar na Scarpa D'Óro (Vigevano-Itália), a 7 segundos do queniano John Ngugi (Campeão Mundial de Cross Country)
3º lugar na18ª Stramilano (Milão-Itália), que proporcionou o convite do Sr. Gioggio Rondelli (conceituado treinador da Itália e do atletismo mundial).
Foi então que aceitando o convite se transferiu para Milão em maio onde superou em pista, os 3.000 m (7m59s80), 5.000 m (13m46s12d) e 10.000 m (29m00s10d). Não bastando venceu algumas provas de rua que fez por lá.
No Brasil:
Venceu o Troféu Brasil de Atletismo.
2º lugar no Campeonato Brasileiro de Rua, ao final do ano.


1991
45 competições, vencendo 11.
Classificou-se no Brasil para o Mundial de Cross Country, sendo campeão brasileiro e de novo o melhor brasileiro no mesmo.
Retornando a Itália competiu em várias provas obtendo bons resultados, como:
2º lugar na Maratonina Della Pasquesta.
3º lugar na 20ª Stramilano (Milão-Itália), com 1h01m27s, novo recorde brasileiro e sul-americano para distância de 21.097m.
28m50s21d no Meeting di Formia para 10.000 m em pista, superando-se ao baixar seu próprio tempo.


1993
31 competições durante todo o ano, vencendo 11 delas.
No início do ano foi "bicampeão brasileiro de Cross Country" em São Paulo.
Competindo na Itália, trocou de patrocinador, indo para Kway Athletic Team do Dr.Gabriele Rosa. A temporada (7 meses) realmente foi muito satisfatória, pois superou em pista os 5.000 m com 13m40s88 e 10.000 m com 28m43s18, onde teve ajuda dos companheiros Luca Barzagui e Danilo Guidide, este o fiel companheiro dos nossos treinos.
Também foi marcada pela vitória na famosa Franciacorta, corrida em 5 etapas, realizada no norte da Itália, chegando na frente de grandes atletas como: Andrew Massai (Quênia), Salvatore Bettiol (Itália), Luca Barzagui (Itália) e tantos outros, venceu outras duas provas importantes, primeiro a 8ª Maratonina Del Garda em Garnegnano com tempo de 1h02m32s (21.097m) e a segunda e mais importante maratona italiana, a Maratona de Veneza, onde não só venceu como também baixou o recorde da prova em 3m18s com o tempo de 2h10m06s, sendo no final do ano no ranking mundial 10º melhor tempo do mundo, fechando o ano com muita expectativa.

Com: Delmir Santos, Geraldo de Assis e Laurênio Alves Bezerra

1995
18 competições em todo o ano.
Apesar de alguns problemas, foi convocado para o Pan-americano, para correr a maratona.
No Brasil, obteve alguns bons resultados como: 3º lugar na Corrida Primavera-Verão (Petrópolis-Itaipava), classificou-se para o Ekiden em Chiba no Japão, prova por equipe. Em São Paulo foi 5º lugar na Meia Maratona da Independência, 2º lugar na Corrida Rústica de Aparecida em Aparecida e 4º lugar na famosa Gonzaguinha, correndo os 15 km em 44m42s, fechando o ano.

Com: Ronaldo da Costa, Delmir Alves dos Santos e Luiz Antônio dos Santos

1997
14 competições.
Também foi marcado por poucas provas e algumas cirurgias.
Destacou-se com o 2º lugar na Corrida Volta da Lagoa no Rio de Janeiro.
1998
Totalizando 370 competições realizadas ao longo de 12 anos de carreira com 115 vitórias e bons resultados, Artur finalizou sua carreira e se dedica atualmente na Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro como vice presidente.

As postagens completa podem ser acessada:"Papaleguas Sports"

11 de dezembro de 2015

Adauto Domingues

Eu sou meio suspeito pra falar do Adauto, uma vez que, fui treinado por ele durante os anos de 95, 96, 97 e posso afirmar com toda certeza, foi a época em que mais evoluí. No ano de 1995 eu já estava trabalhando nos Correios e a empresa criou um programa beneficiando os atletas que melhores se destacavam nas competições para representá-la em competições de nível nacional, cada estado tinha seus atletas integrantes da equipe. A equipe de São Paulo era composta por 5 integrantes e como treinador foi contratado o "Adauto Domingues", eu já o conhecia pq acompanhei por muito tempo seus resultados através da televisão, jornais, e revistas, mas nunca tive a oportunidade de conversar com ele pessoalmente. Lembro do dia em que ele foi nos apresentado como treinador lá nos Correios central da Vila Leopoldina, foi um dia muito especial pra mim, pois eu estava na frente de um grande atleta que eu admirava demais. Nessa época eu estava me recuperando de uma lesão que já durava 6 meses, expliquei a situação pro Adauto e com toda calma e segurança do mundo ele disse que eu poderia ficar sossegado que isso não seria problema, com isso ele já tinha ganhado um fã kkk.
A partir desse momento eu comecei me recuperar, fui encaixando os treinamentos e melhorando pouco a pouco. Eu nunca fui atleta de elite, mas durante o tempo em que treinei com o Adauto tive uma melhora significativa e tive a certeza da importância do "treinador" na vida do atleta. Tenho muito carinho pelo Adauto, pois além dele ser um ótimo treinador é também um grande ser humano.

Pra vocês conhecerem um pouco mais desse extraordinário atleta vou postar alguns trechos de uma entrevista que ele concedeu pra repórter e corredora Fernanda Paradizo em agosto de 2012.


Por Fernanda Paradizo
Muita gente o conhece hoje como o técnico do Marilson dos Santos, mas Adauto Domingues, de 51 anos, tem uma história diferenciada e escreveu seu nome no atletismo nas décadas de 80 e 90. Bicampeão pan-americano nos 3.000 m com obstáculos, ele representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, venceu sete vezes seguidas o Troféu Brasil de Atletismo e dominou por 10 anos as provas de pista por aqui, dos 1500 m aos 5000 m.

Você começou cedo na corrida de rua. Como foi esse ingresso? Eu tinha 9 anos. Existe uma entidade filantrópica em São Caetano do Sul chamada Patrulheiros Mirim (na época, Guarda Mirim). Eu passava muito tempo na rua jogando bola e minha mãe colocou meu irmão e eu nessa entidade. Havia duas coisas paralelas: as aulas de Educação Física e a banda (ou fanfarra). Ou você entrava para a banda ou ia para o esporte, ou para as duas coisas, como aconteceu comigo. Como não havia verba para esporte coletivo, como montar jogo de camisa e tudo mais, era mais fácil correr. Eu corria quase todas as provinhas. E todas as distâncias, até velocidade. No início, eram provas de garotada. Em paralelo a isso, eu levava a música. Toco sax ainda hoje devido a isso, e por partitura. Chegou um momento em que comecei a me destacar na corrida. Fazia alguns treinos onde joga hoje o São Caetano. Coincidentemente, o diretor do atletismo do Sesi de Santo André, Armando Corujeira, morava em frente ao estádio. Ele me viu treinando e me convidou para treinar com o professor Asdrúbal Baptista. Eu tinha 17 para 18 anos e uns 300 troféus em casa, mas quase não treinava. Só corria as provas. Quando ele me convidou, eu estava na época do Exército. "Se você for dispensado, você vem para o clube", ele disse. Meu pai tinha falecido em 1979 e minha mãe vivia só da aposentadoria e algumas coisas que fazia. Meu irmão também trabalhava. Eu tinha feito Senai e era metalúrgico. Não havia muito desemprego na época e minha mãe falou: "Pelo que você ganha agora, tenta um ou dois anos. Se der certo, você continua. Se não der, volta a trabalhar". Arrisquei. Acabei nem ficando no Sesi de início. Me colocaram no projeto "Adote um Atleta" e eu recebia um valor para isso. Passei a treinar no período da manhã no Centro Olímpico com o Carlão (Carlos Gomes Ventura). Entrei em abril ou março e já no final do ano tinha evoluído muito. No ano seguinte, havia terminado o 2º grau e fazia faculdade na parte da manhã. Tive que transferir o treino para tarde e passei a treinar com o professor De José (Francisco de José, o DJ). Fui melhorando ainda mais os resultados. Em 1982, já fui 2º nos 1500 m do Troféu Brasil.


Quando e como o 3.000 m com obstáculo entrou na sua vida? Foi por acaso. Em 1983, ano do Pan de Caracas, eu corria 1500, 5000 m e provas de rua, e houve um Campeonato Universitário no Ibirapuera. Eu ia correr os 800 m, às 11h; deu 12h30 e nada; estava tudo atrasado. Eu estava com fome e resolvi ver o que tinha de prova mais tarde para poder almoçar. Só tinha 3000 m com obstáculo. Pedi para me colocar nessa prova porque queria almoçar. Tinha 9:27 como melhor marca, o que era ruim, mas acabei vencendo em 8:59. Depois acabei entrando na prova no Troféu Brasil e ganhei com 8:45.03. Era índice para o Pan, mas já fora do prazo. Como prêmio de consolação, fui levado para correr o Ibero, em Barcelona, e fiz 8:40. Entrei meio sem querer e num espaço muito rápido melhorei muito minha marca.
A partir daí e especialmente em 1985 aconteceu muita coisa boa na sua carreira. Em 85 tive um salto de qualidade. Fui para o Campeonato Mundial Universitário e bati o recorde brasileiro, com 8:32, que durava 10 anos e era do José Romão. Fui 4º. Foi um baita resultado. Eu cheguei a ficar em 20º no mundo. Depois, em 1992, o Clodoaldo do Carmo bateu meu recorde, com 8:19. Ganhei sete vezes seguidas o Troféu Brasil, de 83 a 89. Foi um ano muito bom. Fui 3º na São Silvestre, no ano em que o José João ganhou e o Rolando Vera foi o 2º. Foi meu melhor resultado na São Silvestre; até então tinha um 8º lugar. Com 24 anos, comecei a me estabilizar como atleta.


No Pan de Indianápolis, você foi ouro nos 3000 m com obstáculo e prata nos 5000 m. Como foi sua trajetória até chegar aos Jogos Olímpicos de Seul e ao Pan de Havana? Em Indianápolis 87, ganhei do grande nome da época no obstáculo, que era o americano Henry Marsh. Era o 4º ou 5º do mundo e tinha 8:09. Fiz 8:23, bati o recorde pan-americano e novamente o brasileiro. Foi minha melhor marca pessoal. A prata nos 5000 m veio dois dias depois; perdi para o mexicano Arturo Barrios. Nesse mesmo ano fui 5º na São Silvestre. E veio 1988, ano olímpico. Nunca tinha tido lesão e nesse ano tive uma no joelho. Perdi muito treino. Não estava mal, mas não conseguia recuperar. Passei na preliminar e fiquei na semifinal. Já em 1991, no Pan de Havana, fui como favorito. O Clodoaldo (Lopes do Carmo) tentou fazer o índice na Europa e eu, que estava machucado, optei por fazer aqui. Só eu consegui. Uma coisa boa da época era que as provas não eram fracas aqui no Brasil. Nosso obstáculo tinha muita qualidade e isso ajudava a evoluir. Infelizmente, é algo que não aconteceu com o Marilson, que ficou sem ter adversário local que gerasse essa competitividade.


Você conseguiu grandes resultados na pista, mas antes disso chegou a correr muitas provas de rua.Eu tinha facilidade para correr na rua, porque eu vinha da rua. Eu entrava em quase todas e me dava bem, em parte porque a elite da época era um pouco mais velha que eu. No período em que tive a evolução das minhas marcas na pista, ganhei duas ou três Gonzaguinhas, subi quatro vezes ao pódio da São Silvestre e cheguei a correr uma meia em São Paulo em 1:02:50, o que para mim, que treinava para 1500 m e obstáculo, era muito bom.


Quando você parou de competir e virou treinador? O Asdrúbal faleceu em 1992. Fiquei 10 anos treinando com ele. Eu já era formado e mantinha o trabalho na Prefeitura. Como eu era o mais velho ali, fui chamado para ajudar com os meninos, entre eles o Clodoaldo (Gomes da Silva) e o Marilson (Gomes dos Santos), que era bem novinho, tinha 15 anos. Chegou de Brasília para treinar no Sesi com o Asdrúbal e ele faleceu. Daí convidaram o DJ para ser treinador. Eu era atleta ainda, estava com 31 anos e o DJ sugeriu que eu ficasse com o grupo de 800 m, 1.500 m e obstáculo e ele com o grupo maior, de fundo (5.000 m, 1000 m, meia-maratona e maratona). Quando o Hudson de Souza veio, ele caiu nesse grupo comigo. O Clodoaldo e o Marilson ficaram com o DJ. Eu treinava com o grupo de fundo e fazia as planilhas para o outro grupo, com a ajuda do DJ. Quando ele saiu, voltei a assumir o grupo todo, mesmo sendo atleta ainda. Até o dia em que tomei um "chapéu" do Marilson numa prova de 10000 m na pista. Aí resolvi parar. Foi em 1996. O Marilson tinha 19 anos, mas era um cara diferenciado desde cedo. Tanto ele quanto o Clodoaldo pegaram tudo o que você possa imaginar de Seleção. Levei esse grupo um tempo também como atleta, mas minhas lesões foram ficando mais próximas uma da outra. Não sei se eu gostava de competir. Gostava de ganhar. Comecei a perder e isso me incomodou um pouco, até porque fiquei 10 anos sem perder no Brasil, dos 1.500 m a 5.000 m.


Não temos nenhum representante nos Jogos de Londres dos 1500 m aos 10000 m. O que podemos esperar para 2016, aqui no Brasil? Temos um bom grupo surgindo e vamos ter vários, mas vai demorar um pouco mais. Alguns dos atletas hoje dos 800 m vão correr um bom 1500 m. Há dois meninos bons, os gêmeos Gilberto e Gilmar Lopes, que treinam com o Henrique Viana. O problema é que perdemos uma lacuna grande e temos que encurtar isso. Quando acontece isso, você perde gerações e tem que trabalhar para recuperar. O que não podemos deixar acontecer é perder a geração que está vindo.

A entrevista completa pode ser encontra na edição 277 – Revista Contra-Relógio - agosto – 2012 -FERNADA PARADIZO.
Abaixo alguns resultados internacionais de Adauto Domingues.
1983
Ibero-Americano – Barcelona - Espanha / 3000m com obstáculo – 3º col - 8:40’17”
Campeonato Sul-Americano – Santa Fé- Argentina / 3000m com obstáculo – 3º col – 8:50,8 
1985
Campeonato Sul Americano – Santiago – Chile / 3000m com obstáculo – 1º col – 8:44,38
1986
Ibero-Americana Campeonato –  Havana, Cuba / 5000m – 2º col – 13:50,36
                                                      /3000m com obstáculo – 1º col- 8:31,91
1987
Jogos Pan-Americanos – Indianápolis, Estados Unidos / 5000m – 2º col – 13:46,41
                                                               /3000m com obstáculos – 1º col – 8:23,26
1989
Campeonato Sul Americano – Medellin, Colômbia /3000m com obstáculo – 1º col – 8:49,2
1991
Jogos Pan-Americano – Havana, Cuba /3000m com obstáculo – 1º col – 8:36,01
Campeonato Sul-Americano – Manaus, Brasil / 3000m com obstáculo – 1º col – 8:36,21
1993
Campeonato Sul Americano – Lima, Peru /3000m com obstáculo – 1º col – 8:36,90